Filho do pescador Luís Elias dos Santos e Joana Elias Bezerra, Emmanuel Bezerra dos Santos nasceu em
São Bento do Norte, na praia de Caiçara, no dia 17 de junho de 1943. Em 1961, enquanto cursava o terceiro ano letivo no Colégio Estadual do Atheneu Norteriograndense, em Natal, funda o jornal O Realista, onde ele e seus colegas faziam denúncias sociais.
Após o término da escola, já na época da
ditadura militar, Emmanuel funda O Jornal do Povo, cujas publicações libertárias eram realizadas por correspondentes em diversos municípios.
No ano de 1967, Emmanuel ingressou na Faculdade de Sociologia da Fundação José Augusto, onde foi militante oo Diretório Acadêmico “Josué de Castro”. Foi eleito presidente da Casa do Estudante do Rio Grande do Norte, onde moravam os estudantes pobres do interior e que mais tarde serviria de trincheira de luta do movimento estudantil (secundaristas e universitários) de Natal. Foi delegado junto ao 29º Congresso da UNE em São Paulo. No ano seguinte tornou-se diretor do Diretório Central dos Estudantes da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, tendo papel de líre no movimento universitário.
Também organizou a bancada dos estudantes potiguares para o 30º Congresso da UNE, em Ibiúna (SP), onde foi preso e logo depois expulso da universidade.
Ativismo
Em 1966, Emmanuel entra no
Partido Comunista Brasileiro (PCB) e se torna um dos principais articuladores dentro da cúpula do partido. Em 1967, ele deixa o PCB para entrar no recém fundado
Partido Comunista Revolucionário. No ano seguinte, com o
Ato Institucional Número Cinco que fortaleceu a chamada
linha dura do regime militar, Emmanuel é preso e condenado cumprindo a pena até outubro de 1969 passando por quartéis do Exército, Distrito Policial e por último na Base Naval de Natal. Quando solto, entra na clandestinidade e vai para Alagoas e Pernambuco ocupando a posição de dirigente nacional de seu partido. Nesta época, Emmanuel faz constantes viagens a Argentina e Chile, atrás de exilados para mobiliza-los na luta contra o regime.
Prisão e Morte
Em 1973, Emmanuel é preso no dia 4 de setembro, no Largo de Moema, em São Paulo. Levado para o
DOI-CODI, o ativista passa por duras sessões de tortura que terminam com sua morte. A sua necropsia foi realizada pelo médico
Harry Shibata, que assinou o laudo sem examinar o corpo e omitiu todas as marcas de tortura presentes em seu corpo. Fotografia recuperada pela
Comissão da Verdade mostra Emmanuel já morto, mas muito machucado. Fica claro a violência sofrida no DOI-CODI. Seu olho esquerdo está inchado, seus lábios também machucados, há ferimentos em seu rosto, seu nariz aparece quebrado e em volta do seu pescoço está feito um colar de morte, marcado com ferro em brasa. Emmanuel é enterrado no cemitério de Campo Grande, como indigente.
Legado
Foi só em 1992 que os restos mortais do estudante Emmanuel foram enterrados, causando grande comoção popular em
Natal. Foi lá também que recebeu diversas homenagens do povo: a Escola Isolada de São Bento do Norte, tem hoje o seu nome; o Grêmio Estudantil da Escola Estadual João XXIII, também é homenageado, e é nome de rua no bairro de Pitimbu, em Natal. Os familiares de Emmanuel ganharam o reconhecimento da responsabilidade da União na morte do estudante com direito a indenização após a Lei no. 9140\ 95 ter entrado em vigor.